quinta-feira, 6 de novembro de 2014

DR.PAULO: "O PSB ERROU AO APOIAR AÉCIO NEVES."

Quatro e vinte da tarde. O médico sai do hospital e se despede dos funcionários. Entra no carro e vai visitar algumas obras no município. A tarde já caía para a noite quando aportamos em sua residência. Depois de uma troca rápida de roupa e bem mais à vontade, o prefeito Paulo Tadeu Guedes Estelita pede que troquemos de lugar com ele: “Esse é meu sofá preferido, vá para o outro.”
Em uma entrevista de quase 40 minutos, o gestor fala sobre política, administração e lazer. Entre agradecimentos e ataques a ex-aliados segue abaixo uma conversa quase na base da informalidade, na qual o prefeito afirma que votou em Dilma e até o nome de Frank Sinatra foi falado.

VICENCIANET: Fale sobre o resultado das eleições em Vicência no primeiro turno...

PAULO TADEU: O processo eleitoral em Vicência foi muito gratificante para o meu grupo político. Foi um trabalho muito grande, mas fomos majoritários para deputado estadual com Aluísio Lessa, Federal com Marinaldo, Fernando Bezerra Coelho, Paulo Câmara e Marina. Foi uma campanha bonita e nos fortaleceu perante o Governo do Estado, porque eles viram o nosso trabalho.

VN: O senhor considera um grande avanço o seu candidato a Estadual, Aluísio Lessa, ter saído da quarta posição na eleição passada para a primeira, este ano?

PT: Nós disputamos com muitos candidatos. Você mesmo postou no blog a quantidade de gente que queria o voto do eleitor de Vicência. E o povo divide o voto. Mas mesmo assim entenderam nossa proposta e votaram também por aquilo que está acontecendo no município. Saiba que nós já fizemos até uma pesquisa visando 2016. Até nomes de futuros candidatos (é bom você colocar isso aí)... Foram seis nomes que foram colocar para avaliação, mas nem me pergunte qual o resultado, pois só quem sabe sou eu e o cara que fez a pesquisa...

VN: (Interrompemos) Vazaram algumas informações, prefeito...

PT: (Ele nos interrompeu) Vazou nada! Duvido...

VN: (Interrompemo-lo de novo) Posso citar alguns nomes?

PT: Pode.

VN: Dija, Carlos Wilson e Dona Tita...

PT: Bom... eu botei Dija, Carlos Wilson, Tita, Jhonson, Bidoga... Quem seria o melhor candidato do meu grupo pra disputar as eleições em 2016.

VN: A partir dessa pesquisa se trabalharia o nome do que aparecesse em primeiro lugar ou seria escolhido outro, já que há muito tempo para o próximo pleito?

PT:  Nós temos que ir pelas pesquisas. Elas são quem vão indicar o candidato do nosso grupo. E pode ter certeza que não vazou nenhuma informação. Duvido. Ninguém, fora eu, sabe do resultado dessa pesquisa. Eu não disse a ninguém. Inclusive, eu estava almoçando com Júnior Rodolfo em Recife e ele insistiu pra falar o resultado. Ficou só na vontade de saber.

VN: Alguma surpresa?

PT: Acho que foi tudo dentro do previsto. Sim, foram seis candidatos... a outra foi a professora Ceça Costa.

VN: O senhor teme alguma ciumeira ou um racha no grupo se esses números vierem à tona?

PT: Por isso que eu não disse o resultado a ninguém. No próximo ano vamos fazer outra pesquisa... (mudança de assunto) Pode anotar aí: eu já sabia que Aluísio Lessa seria o mais votado. Marinaldo estava disparado em primeiro para Federal e Carlos Lapa aparecia bem colocado em segundo, mas deu André de Paula. E com relação ao estadual a pesquisa foi em cima: primeiro Aluísio e segundo Cássia do Moinho.

VN: Candidatos que dependeram de Eduardo Campos em 2010 para se elegerem, como o próprio Aluísio Lessa, Tadeu Alencar e Danilo Cabral tiveram uma votação expressiva também neste pleito, mesmo depois da morte do ex-governador. A que o senhor atribui isso?

PT: Danilo Cabral era um dos que estavam disparados nas pesquisas. E quem tem uma secretaria como a das cidades perde a eleição pra ninguém? Aluísio (Lessa) teve uma votação expressiva em cidades como Bom Jardim e Barreiros...

VN: E em Palmares? A terra dele?

PT: Em Palmares ele teve apenas cerca de dois mil votos. Mas aumentou a votação em Catende, no Sertão e no Recife.

VN: Como está a comunicação do executivo com o legislativo?

PT: Temos muito o que agradecer ao presidente, o vereador Bidoga, ele sempre está defendendo nossa administração. Fazemos encontros com os vereadores para discutirmos alguns projetos, mas às vezes os vereadores quando chegam na Câmara e o pessoal de oposição começa a questionar, fica botando fogo... Nós nunca mandamos projetos duvidosos pra Câmara. Sempre mandamos projetos claros. Temos a maioria absoluta na Casa e não há maiores problemas.

VN: Dos candidatos da Mata Norte que se candidataram, nenhum se elegeu. Isso pode prejudicar a região, já que a princípio, no próximo ano não teremos Botafogo Filho, Antônio Moraes e Maviael Cavalcante?

PT: Pelo menos aqui em Vicência nós não teremos esse problema. O deputado Aluísio Lessa está disposto a ajudar o município em qualquer ocasião. Ele é uma pessoa altamente influente no governo e isso facilita a captação de recurso para a cidade. Você sabe que nós passamos um período sem deputado federal, pois nossa deputada Ana Arraes virou Ministra e ficamos órfãos de federal. Mesmo assim, de todos os anos que estamos à frente do município, podemos afirmar com toda certeza que este é o período que estamos na melhor situação administrativa. Estamos com todas as certidões em dia, podemos assinar qualquer convênio. Estamos construindo quatro postos médicos,  a quadra coberta de Trigueiros, vamos fazer a quadra da escola Luíza Coutinho... Tudo isso com verbas do Ministério da Educação.

VN: Dois problemas cruciais enfrentados pela sua administração: o VICENCIANPREV e o salário dos professores. O senhor considera esses assuntos superados?

PT: O maior avanço da minha administração foi a normalização do VICENCIAPREVI. O Fundo tem servido de exemplo para outras cidades. Todas as auditorias que vistam o município ficam impressionadas com nossa organização. NO início foi muito difícil, mas conseguimos contornar a situação e hoje vamos de vento em popa. Com relação aos professores, no próximo ano, já em janeiro, assim que soubermos o percentual de aumento do Piso, não vamos esperar pra abril ou maio. Vamos antecipar o pagamento.

VN: Há a possibilidade de haver o pagamento dos professores no primeiro dia útil do mês?

PT: Por enquanto não há condições. O pagamento continua sendo efetuado no quinto dia útil.

VN: E com relação à Saúde?

PT: Na Saúde, realmente, as contas não fecham, o dinheiro não dá, este mês houve uma queda de arrecadação muito forte e isso está fazendo com que sempre fique um mês “dentro”. Estamos fazendo de tudo para tentar normalizar a situação.

VN: O senhor considera a normalização do pagamento dos funcionários da Saúde um desafio para esses dois anos e meio de mandato?

PT: Claro que sim. Embora dependamos dos repasses dos governos federal e estadual. Na assistência básica estamos muito bem, nossos índices estão em dia, todos os Postos foram reformados e ampliados e em breve estaremos construindo mais dois: um na Chã dos Mandados e outro no Nova Vicência.

VN: O senhor está sendo cobrado sobre a viatura do SAMU...

PT: Isso tem sido um desafio. A ambulância está aí, mas nós não temos dinheiro para coloca-la pra funcionar. O governo Federal entra com um recurso para o funcionamento da viatura. Esse recurso só começa a vir quando o veículo está funcionando, e mesmo assim atrasa muito. Tem sido um dilema para nós entre colocar a ambulância para funcionar ou devolver para o estado.

VN: O que o senhor tem a dizer sobre o FEM do governo do estado?

PT: Considero a maior ideia de todos os tempos. Um grande feito do nosso ex-governador Eduardo Campos. As prefeituras estão recebendo um valor equivalente a um FPM e isso tem nos ajudado muito. Com esse recurso fizemos calçamentos em todos os distritos e aqui na rua. Através desse recurso estaremos reformando o Mercado de Murupé, a praça em frete a Assembleia de Deus e o objetivo é cobrir as quadras de Murupé e Angélicas. O que sobrar investiremos em mais calçamentos. Ninguém hoje em dia quer morar mais dentro da lama, então o mínimo que um prefeito pode fazer em uma cidade é calçar o maior número de ruas possíveis. Já estamos preparando projetos para o próximo ano e entre eles está a reforma do Ginásio de Esportes.

VN: Um assunto que ganhou a mídia de todo o mundo foi o desaparecimento do ex-governador Eduardo Campos. Seria interessante deixar registrado na entrevista onde o senhor estava no momento da tragédia e como o senhor recebeu a notícia do acidente.

PT: Eu estava na Casa de Saúde e minha secretária ligou dizendo que tinha havido um desastre de avião. A partir daí não me desliguei mais da TV. Acompanhei tudo. Perdemos um amigo, um grande administrador, afinal, foi uma tragédia sem precedentes.

VN: E o senhor tinha uma ligação muito forte com Eduardo...

PT: Dez dias antes do acontecimento eu estava com ele em Timbaúba e o acompanhei até a porta do helicóptero. Ele iria para uma programação em Caruaru.

VN: Como o senhor acha que será o governo Paulo Câmara?

PT: Ele é competente, conhece a administração do estado na palma da mão, esteve o tempo todo ao lado de Eduardo e tem uma boa equipe de trabalho. Não existe nenhum bom administrador sem uma boa equipe. Inclusive minha administração é bem avaliada hoje por causa da minha equipe de governo. Temos pessoal altamente competente em diversos setores como licitação, controladoria, setor jurídico, finanças, secretariado e graças a Deus nunca fomos questionados pelo Tribunal de Contas em nada de licitação.

VN: Voltando ao contexto político, o fato de o seu grupo vencer cinco eleições seguidas deve-se ao fortalecimento do mesmo ou ao enfraquecimento da oposição?

PT: Cada eleição é única. É uma história. De repente pode até surgir um candidato forte contra a gente. Mas temos um grupo forte e com apoio do Governo do Estado. Eu disse isso ao próprio Paulo Câmara. Que ele tivesse cuidado com quem realmente estava com ele. Acho muito difícil aparecer um candidato que derrube o nosso na próxima eleição. Mas temos que respeitar a vontade do povo. Não podemos colocar qualquer candidato. Temos que ir pelas pesquisas, são elas que vão indicar qual será o ideal. Em agosto deste ano nossa avaliação positiva estava em 68% e com o número de obras que ainda virão por aí, será difícil tomar mais uma vitória do 40 em 2016.

VN: O senhor considerou esquisito o apoio escancarado do PSB de Pernambuco a Aécio Neves?

PT: “Você agora vai fazer um negócio bem feito.”

VN: (Risos)

PT: Como prefeito do PSB eu fiz o dever de casa até o primeiro turno. Trabalhei incansavelmente pelo deputado estadual, federal, senador, governador e nossa presidente Marina. Continuei trabalhando mesmo sabendo que Marina Silva não ganharia a eleição.  Entretanto, no segundo turno eu tomei uma atitude pessoal, minha: votar na presidente Dilma. Eu sou um PSB da velha guarda, do tempo de Miguel Arraes. Eu me lembro muito bem (Bote isso aí, bem feito) que nosso grande líder Miguel Arraes foi humilhado, derrotado pelo tucano FHC (Fernando Henrique Cardoso). Jarbas e Mendoncinha* (Mendonça Filho) não deixaram vender a Celpe e depois “seu Jarbas” vendeu. Eu tenho 40 anos de política em Vicência, perdi durante muito tempo, mas nunca mudei de lado, continuei com a minha coerência, sempre votando na Esquerda do Brasil. Ganhamos duas eleições aqui com o apoio do ex-governador Eduardo Campos. Ganhamos pregando os ideais de Miguel Arraes junto com o neto dele. Não seria agora que eu iria votar em outro candidato. Eu prefiro ser fuzilado a votar num tucano. Nunca votei e nem voto. Votei em Dilma, me orgulho em ser nordestino e de ter ajudado a dar essa grande vitória à presidente pelo trabalho que ela fez aqui em Pernambuco.

VN: O senhor que veio do antigo MDB considera que o atual PMBD se transformou em um saco de mangaio?

PT: O PMDB de Pernambuco só tem mesmo Jarbas. E Jarbas foi o caraque mais detratou Eduardo Campos. Ele chamou o ex-governador de ladrão dos precatórios. Eu jamais iria votar nesse Aécio. No dia em que Eduardo Campos veio a Vicência receber um título de Cidadão ele veio às lágrimas por causa das calúnias desse povo. Eu nunca me esqueci disso. Acho que o PSB cometeu um erro em ter apoiado o candidato Aécio, por isso perdeu a eleição. Um candidato que perde no próprio estado é um bom administrador? Me responda aí? Eu tomei a decisão de votar em Dilma. Quem não quis me acompanhar, ficou queimado com o povo...

VN: Vamos encerrar a entrevista com algumas questões pessoais. O que o senhor costuma fazer nos momentos de folga?

PT: A principal coisa é ficar em casa ao lado do meu filho Paulinho. Você sabe que ele é a maior paixão da minha vida. Gosto de ler, ir à praia e uma coisa muito importante... (pausa para pegar o tablet) Pode colocar aí que eu sou o prefeito mais conectado do Brasil. Aprendi a usar a Internet e todas as manhãs acesso os blogs locais e os jornais do Brasil e do mundo. Meu negócio agora é tablet e what’s app...

VN: E música?

PT: Gosto de ouvir Roberto (Carlos), Julio Iglesias e Frank Sinatra.


*Governador e vice, respectivamente, na época.


Por Vicência NET Samuel Cazumbá
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